sexta-feira, 19 de novembro de 2010

|Falando em Fernando Pessoa...

A obra de Fernando Pessoa compõe um dos maiores enigmas da história da Literatura. Um poeta que inventa outros, dá-lhes biografia, estilo próprio e até mapa astral. Todos são grandes poetas.
Homem de vida pública modesta, Fernando Pessoa dedicou-se a inventar. Por meio da poesia, criou outras vidas, despertando, assim, o interesse por sua própria vida tão pacata.
Nascido em Lisboa, no dia 13 de junho de 1888, perdeu o pai aos cinco anos. Em 1896, a família é levada pelo segundo marido de sua mãe para a cidade de Durban, na África do Sul, onde ele cursa o secundário, lê obras de grandes autores de Língua Inglesa, como Milton, Byron, Shelley e Poe, e desenvolve o gosto pela Literatura. Em 1903, ingressa na Universidade do Cabo. Deixando a família em Durban, o jovem Pessoa retorna a Portugal e matricula-se no Curso Superior de Letras, que logo abandona.Entra em contato com os grandes escritores da Língua Portuguesa. Impressiona-se com os sermões do Padre Antônio Vieira (1608 a 1697) e particularmente com a obra de Cesário Verde (1855 a 1886). Em 1908, começa a trabalhar como tradutor de cartas comerciais para empresas estrangeiras. Desse emprego modesto tirará o sustento durante toda a vida. Boêmio, encontra-se com amigos em cafés, especialmente o Brasileira, do Chiado, para discutir Literatura. Em 1912, conhece o poeta Mário de Sá-Carneiro (1890 a 1916), de quem se tornaria grande amigo.
As obras de Pessoa foram aos poucos sendo publicadas e hoje ele é considerado, ao lado de Camões, um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos. Nenhum poeta, em Língua Portuguesa, obteve tanto prestígio em todo o mundo.


AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Bão as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Poemas escolhidos - Fernando Pessoa
Zero Hora / Klick Editora - 1998.

2 comentários:

  1. Falar em leitura e não falar em Fernando Pessoa é tratar a literatura como algo superficial. Mesmo quem não é adepto a um boa poesia, dificilmente lê indiferente tanta genialidade. Salve, Fernando Pessoa!!!

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  2. Parabéns ao grupo pela escolha do grandioso Fernando Pessoa, uma vez que não há como falar em "trânsitos de leituras" (SANTAELLA, 2007) na modernidade, como arte, como recriação e transformação literária, sem falar na eloquência deste poeta.

    Apenas quero lembrar ao grupo da importância de se colocar a fonte de consulta, seja site, livro, revista. Peço que providenciem a referência na postagem do blog.
    Abraço carinhoso
    Profa. Marilene

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